O filme O Urso do Pó Branco, lançado originalmente como Cocaine Bear em 2023 e dirigido por Elizabeth Banks, rapidamente se destacou como um fenômeno cultural por sua premissa inusitada, misturando o absurdo com o bizarro em doses generosas de comédia e horror. Com um enredo que beira o inacreditável, a obra é livremente inspirada em um caso real ocorrido em 1985, quando um urso-negro ingeriu uma quantidade significativa de cocaína que havia sido derrubada de um avião por um traficante nos Estados Unidos. A partir desse ponto de partida verídico, o filme mergulha em uma narrativa completamente fictícia, onde a criatura enlouquecida pela droga causa uma onda de caos, violência e situações tão grotescas quanto hilárias.
Combinando elementos de filmes trash, sátiras de suspense e críticas sutis ao tráfico e à ganância humana, O Urso do Pó Branco se tornou um marco curioso do cinema contemporâneo, especialmente por desafiar convenções e conquistar o público com sua irreverência. A direção ousada de Banks, aliada a um elenco que abraça o absurdo da trama, contribui para o charme da obra, que transita entre o cult e o viral nas redes sociais.
Para enriquecer ainda mais a experiência de explorar essa produção única, aqui estão algumas curiosidades fascinantes sobre sua realização, as inspirações por trás da história e o impacto cultural que ajudam a explicar por que esse urso alucinado capturou tanto a imaginação — e o riso — do público ao redor do mundo.
A Origem Real da História do Urso do Pó Branco
A base de O Urso do Pó Branco vem de um caso bizarro ocorrido em setembro de 1985, na Floresta Nacional de Chattahoochee, na Geórgia. Andrew Thornton II, um ex-policial e traficante de drogas, morreu ao saltar de paraquedas de um avião carregado com cerca de 40 quilos de cocaína. O paraquedas falhou, e ele caiu com a carga em Knoxville, Tennessee. Parte da droga, porém, foi lançada do avião e caiu na floresta, onde um urso-negro de aproximadamente 80 quilos a encontrou. O animal ingeriu uma quantidade letal da substância – estimada em 3 a 4 gramas, segundo a autópsia – e morreu de overdose. Esse incidente, embora trágico para o urso, tornou-se uma lenda urbana que inspirou o filme, mas com uma diferença crucial: na vida real, o urso não saiu em uma matança desenfreada.

O Urso Taxidermizado: Pablo Escobear
Após a morte do urso, seu corpo foi descoberto por autoridades locais e levado para uma autópsia, que confirmou a causa da morte como “intoxicação aguda por cocaína”. O que aconteceu depois é quase tão surreal quanto o filme. O urso foi taxidermizado e, por anos, passou por várias mãos. Segundo a lenda, ele foi doado ao Parque Nacional do Rio Chattahoochee, perdido em algum momento, e eventualmente reapareceu em uma loja de curiosidades em Lexington, Kentucky, chamada Kentucky for Kentucky Fun Mall. Lá, ele ganhou o apelido de “Pablo Escobear”, uma brincadeira com o famoso traficante Pablo Escobar. Hoje, o urso é uma atração turística, posando com óculos de sol e chapéus para fotos de visitantes.
Da realidade ao absurdo
Inspirado em uma história real bizarra, Cocaine Bear (2023) entrega uma experiência cinematográfica caótica e inusitada. Dirigido por Elizabeth Banks, o filme mistura terror, comédia e ação de forma única, trazendo um elenco de peso e um urso completamente fora de controle.
Elizabeth Banks e o Tom do Filme
Elizabeth Banks, conhecida por atuar em franquias como Jogos Vorazes e dirigir comédias como A Escolha Perfeita 2, assumiu a direção de O Urso do Pó Branco com a intenção de criar algo “inteligente sobre ser burro”. Em entrevistas, ela descreveu o filme como uma mistura de thriller de natureza com um humor absurdo, inspirado em clássicos como Tubarão e comédias exageradas como Serpentes a Bordo (Snakes on a Plane). Banks queria que o público risse das situações ridículas, mas também sentisse a adrenalina de um ataque animal. Ela trabalhou de perto com o roteirista Jimmy Warden para garantir que o filme nunca se levasse a sério demais, resultando em um tom que oscila entre o gore e o cômico.
A Escolha do Elenco Estelar
O filme reúne um elenco impressionante, incluindo Keri Russell (The Americans), Alden Ehrenreich (Han Solo: Uma História Star Wars), O’Shea Jackson Jr. (Straight Outta Compton) e o lendário Ray Liotta, em um de seus últimos papéis antes de falecer em 2022. Liotta interpreta Syd, um traficante implacável que quer recuperar sua cocaína perdida, trazendo uma intensidade que contrasta com o absurdo da trama. Banks revelou que escalou atores conhecidos para dar peso emocional aos personagens, mesmo em meio ao caos cômico. A química entre eles, especialmente nas cenas de pânico e improvisação, foi essencial para o sucesso do filme.
O Último Papel de Ray Liotta
A participação de Ray Liotta em O Urso do Pó Branco tem um tom agridoce, já que foi um de seus últimos trabalhos antes de sua morte em maio de 2022. Liotta, conhecido por papéis icônicos em Os Bons Companheiros e Campo dos Sonhos, abraçou o projeto com entusiasmo, mesmo sendo um filme fora de sua zona de conforto. Banks dedicou o filme a ele, destacando como sua presença trouxe gravidade a uma história tão excêntrica. Nos créditos finais, há uma homenagem sutil a Liotta, que emocionou fãs e críticos.
Crianças e “Cocaína” Falsa
Uma das cenas mais comentadas envolve duas crianças, Dee Dee (Brooklynn Prince) e Henry (Christian Convery), que encontram a cocaína na floresta e decidem experimentá-la. Obviamente, nenhum ator infantil consumiu drogas reais. Banks explicou que a equipe usou uma mistura de açúcar e sal para simular a cocaína. O sal foi adicionado para garantir que as crianças fizessem caretas naturais de desgosto, tornando a reação autêntica sem comprometer a segurança delas. A cena, hilária e chocante, reflete o espírito irreverente do filme, mas também gerou debates sobre os limites do humor em produções mainstream (popular e amplamente aceito pelo público).
O Urso: CGI e Prática
O urso do título, chamado de “Cokie” nos bastidores, é uma criação inteiramente digital, feita com efeitos de Computer Generated Imagery (CGI) pela Weta Digital, empresa famosa por trabalhos em O Senhor dos Anéis e Planeta dos Macacos. Apesar de ser virtual, a equipe se inspirou em ursos-negros reais para capturar movimentos e comportamentos realistas – exceto, claro, os momentos em que ele salta sobre vítimas ou cheira montanhas de cocaína. Para ajudar os atores a interagirem com o urso invisível, um dublê em um traje de captura de movimento, Allan Henry, interpretou Cokie no set, fornecendo referências físicas que depois foram substituídas digitalmente.

Influências Cinematográficas
Além de Tubarão, o filme bebe de outras fontes inesperadas. Banks citou Fargo, dos irmãos Coen, como inspiração para o humor sombrio e os personagens excêntricos, como a guarda florestal apaixonada (Margo Martindale) e o policial obcecado por seu cachorro (Isiah Whitlock Jr.). Há também ecos de Aracnofobia na maneira como a natureza é transformada em uma ameaça absurda. A mistura de gêneros – terror, comédia e thriller policial – faz de O Urso do Pó Branco um filme difícil de categorizar, mas irresistível para quem gosta de narrativas fora da curva.
Recepção e Bilheteria
Lançado em 24 de fevereiro de 2023, O Urso do Pó Branco arrecadou mais de 90 milhões de dólares mundialmente, contra um orçamento de 35 milhões. A crítica teve reações mistas: alguns elogiaram a ousadia e o entretenimento despretensioso, enquanto outros acharam o filme exagerado demais. No Rotten Tomatoes (site que reúne críticas de cinema e televisão), ele mantém uma aprovação de cerca de 67%, com o consenso destacando sua “diversão sanguinária”. O público, porém, adorou a proposta, transformando-o em um sucesso cult quase instantâneo, com memes e frases como “o urso quer mais pó!” viralizando nas redes sociais.

O Legado do Urso
Desde o lançamento, O Urso do Pó Branco inspirou uma onda de merchandising, incluindo camisetas com o urso cheirando cocaína e copos temáticos. A história real também ganhou nova atenção, com documentários e podcasts revisitando o caso de Andrew Thornton e o urso. Há até rumores de uma sequência, embora Banks tenha brincado que o próximo passo seria “Cocaine Shark”. O filme prova que histórias absurdas, quando bem executadas, podem ressoar com o público e deixar uma marca duradoura.
A Verdade por Trás da Ficção
Embora O Urso do Pó Branco nos leve a uma montanha-russa de caos, sangue e humor sombrio, com um urso-negro enlouquecido atacando tudo e todos após consumir cocaína, a realidade por trás dessa história é bem menos cinematográfica – e, felizmente, menos violenta. O filme se inspira em um incidente real ocorrido em setembro de 1985, na Floresta Nacional de Chattahoochee, na Geórgia, mas a verdade é mais trágica do que aterrorizante. Vamos mergulhar nos fatos para entender como uma overdose animal se transformou em uma lenda de proporções hollywoodianas.
Tudo começou com Andrew Thornton II, um ex-agente de narcóticos que virou traficante. Em um voo malfadado, Thornton saltou de paraquedas com cerca de 40 quilos de cocaína, mas o equipamento falhou, levando à sua morte em Knoxville, Tennessee. Antes disso, ele jogou parte da carga do avião, e vários pacotes caíram na floresta. Meses depois, em dezembro de 1985, guardas florestais encontraram um urso-negro macho, de aproximadamente 80 quilos, morto perto de um esconderijo com 34 quilos da droga. A autópsia, conduzida pelo médico legista Kenneth Alonso, revelou que o animal havia ingerido entre 3 e 4 gramas de cocaína – uma quantidade ínfima para humanos, mas devastadora para um urso. O laudo apontou uma overdose catastrófica: hemorragia cerebral, insuficiência respiratória, falência renal e colapso cardiovascular. Em termos simples, o urso sofreu um colapso total de seus sistemas vitais em questão de minutos.
Diferente do que o filme sugere, não há evidências de que o urso tenha entrado em um frenesi assassino ou atacado alguém. Na verdade, os registros indicam que ele morreu sozinho, provavelmente em agonia, sem interagir com humanos após consumir a droga. A cocaína, espalhada pela floresta em pacotes rasgados, foi um acidente fatal para o animal, que, por curiosidade ou fome, acabou selando seu destino. Não houve perseguições, rugidos ensandecidos ou corpos despedaçados – apenas o silêncio de uma morte solitária na mata. Esse contraste entre a realidade e a ficção é o que torna o caso tão intrigante: o que para o urso foi uma tragédia virou, para Hollywood, um ponto de partida para uma narrativa exagerada e absurda.
Curiosamente, o incidente não foi amplamente noticiado na época. Apenas alguns jornais locais, como o The Atlanta Journal-Constitution, mencionaram a descoberta, tratando-a como uma nota curiosa em meio às manchetes sobre Thornton e o tráfico. Foi só décadas depois, com a viralização da história na internet, que ela ganhou status de lenda urbana. Blogs e fóruns começaram a especular: “E se o urso tivesse sobrevivido? E se tivesse atacado?” Essas perguntas, alimentadas pela imaginação coletiva, abriram caminho para o roteiro de Jimmy Warden e a visão de Elizabeth Banks, que decidiram responder com um “sim” fictício e sanguinário.
Vale notar também o contexto ecológico. Ursos-negros, como o envolvido no caso, são geralmente tímidos e evitam humanos, a menos que se sintam ameaçados ou atraídos por comida. A cocaína, um estimulante poderoso, poderia, em teoria, alterar seu comportamento, mas especialistas em vida selvagem afirmam que a quantidade ingerida foi tão excessiva que o colapso foi quase instantâneo – não houve tempo para uma “fúria induzida por drogas”. Estudos sobre o impacto de substâncias em animais selvagens sugerem que, em doses menores, o urso poderia ter exibido agitação ou confusão, mas nada próximo do monstro imparável do filme.
Conclusão
A transformação dessa história em O Urso do Pó Branco reflete o poder do cinema de pegar um grão de verdade e construir um universo fictício em cima dele. O urso real, apelidado de “Pablo Escobear” pelos fãs modernos, não foi um vilão ou um herói – foi uma vítima acidental de uma cadeia de eventos humanos. Enquanto o filme nos faz rir e gritar com suas sequências exageradas, a realidade nos lembra que a natureza, mesmo em seus momentos mais bizarros, nem sempre segue o roteiro que imaginamos. Assim, o verdadeiro legado desse urso não está nos ataques fictícios, mas na curiosidade que ele desperta – uma história tão estranha que não precisava de sangue para ser inesquecível.
Gostou de mergulhar na história bizarra do urso que virou lenda em O Urso do Pó Branco? Então não pare por aqui! Deixe seu comentário abaixo com o que achou do filme ou da história real – será que Hollywood acertou no exagero? E se você aprecia essas misturas de fato e ficção, confira outros artigos sobre cinema e natureza selvagem no nosso site. Acompanhe-nos para não perder as próximas histórias absurdas que só a vida – e a tela – podem trazer!
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